Registros Históricos

Histórico da emancipação político-administrativa de Ponta Porã

 

Ponta Porã, na expressão do professor Domingos José de Oliveira, curador do Museu da Erva Mate Santo Antônio, é neta de Nioaque e filha de Bela Vista.

O processo de emancipação político-administrativa de Ponta Porã remonta ao final do século 19, com grande intensidade nos primeiros anos do século seguinte. Para que ele fosse concluído em 1912, com a criação do Município, e, sua posterior instalação em 1913, foram necessárias algumas medidas.

No ano de 1900, Ponta Porã foi elevada à condição de Paróquia e Distrito. A instalação da Paróquia significou um grande avanço, especialmente no aspecto relacionado à documentação dos moradores. “Antes de existir a Paróquia em Ponta Porã, os casamentos só eram oficializados em Nioaque. Assim, um matrimônio demorava cerca de 20 dias para ser concretizado, tempo que as pessoas gastavam para ir e voltar de Nioaque”, informa o Professor Domingos José de Oliveira, curador do Museu da Erva Mate Santo Antônio.

A Igreja Matriz ficava localizada na Linha Internacional. Ao contrário do que muitas pessoas dizem, a “Igrejinha” era um templo enorme, que acolhia brasileiros e paraguaios nas celebrações. “Os principais acontecimentos que reuniam a comunidade fronteiriça tinham as imediações da Igreja Matriz como o cenário. Era o ponto de concentração das pessoas em dias de solenidades como os desfiles cívico-militares”, acrescenta o Professor Domingos.

No museu estão expostas diversas fotos nas quais aparece a “Igrejinha”.

1912

A emancipação político-administrativa de Ponta Porã ocorre através do Decreto N° 617, do dia 18 de julho de 1912. Nele, o então governador do Mato Grosso Joaquim Augusto da Costa Marques, estabelece os limites do novo município sendo que ao Norte os rios Ivinhema, Brilhante e santa Maria; ao Sul pelo Paraguai; ao Leste pelo Rio Paraná e a Oeste pelos municípios de Bela Vista e Maracaju.

Uma extensão territorial enorme que corresponderia hoje a diversos municípios como Dourados, Amambai e até Mundo Novo. Tudo pertencia a Ponta Porã.

Por conta disso, no início da década de 1930, Ponta Porã contava com uma população de cerca de 40 mil habitantes.

A instalação do Município ocorreu no ano seguinte. Em 25 de março de 1913. O primeiro prefeito de Ponta Porã, foi o gaúcho João Ponciano de Mattos Pereira.

Por conta disso, durante muito tempo, as comemorações do aniversario de Ponta Porã ocorriam no dia 25 de março. A mudança só aconteceu no final da década de 1980. “Muita gente confundia as datas de criação e de instalação do Município. Prevaleceu a data da criação e, por isso, o 18 de julho é a data de aniversario de Ponta Porã”, esclarece Domingos, que resume a trajetória de Ponta Porã da seguinte forma: “Ponta Porã é filha de Bela Vista e neta de Nioaque”.

Um dado curioso, pois, mais tarde, na metade da década de 1940, Ponta Porã se tornaria Território Federal e, com isso, vários municípios pertenceram ao Território, criado no ano de 1943, pelo presidente Getulio Vargas e extinto pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1946.

Nivalcir Pereira de Almeida – Professor e Jornalista